terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Os oito demônios ricos de hoje

A riqueza nunca foi um pecado. Ela sempre foi um contraponto. Os filósofos gregos não se indispuseram contra ela, apenas diziam que obtê-la não poderia ser um único objetivo na vida (Sócrates) ou uma fonte de preocupação (Epicuro). Jesus nunca falou diretamente contra os ricos, apenas mostrou que a riqueza poderia se tornar alguma coisa maior que o homem, maior que seus desejos explícitos, e então virar um buraco na agulha difícil de ultrapassar. As coisas ainda seguiram a contento para os ricos quando o Renascimento deu seus passos.
Um conto popular do Renascimento foi o Fortunatus. Mais ou menos no início de 1500 esse conto fez o maior sucesso. O enredo era em torno do garoto que tinha ganho uma bolsa, de uma fada da floresta, com moedas que eram magicamente repostas a cada gasto total, e que por conta dessa fortuna, ou seja, dessa sorte, podia correr o mundo de aventura em aventura. A palavra fortuna com a conotação de sorte e prosperidade carregou-se da semântica atual, ou seja, tornou-se sinônima de “montante de dinheiro”. Só havia positividade nisso. Além do mais, o mecenato era a prática dos ricos, até mesmo dos mesquinhos, e com isso o mundo ganhou aspectos melhores. A Igreja deveria cuidar dos pobres, os ricos optaram por cuidar das artes e até mesmo da Igreja, e alguns reis, que haviam se reabilitado financeiramente, passaram a financiar as aventuras das Grandes Navegações. Mas, depois de trezentos anos nisso, as coisas mudaram muito.
Quando os habitantes dos burgos começaram a se dividir entre os burgueses e os que chegavam depois, só para trabalhar para estes, as coisas começaram a mudar de figura. O contraste entre o pobre e o rico, agora num espaço de convivência mais ou menos próximo e regido por leis cada vez mais iguais para ambos, ampliou-se na proporção exata da extensão das condições de igualdade. Foi assim que as coisas se abriram para a revolução semântica que Marx consagrou: os burgueses viraram “os ricos”. O contraste deu a má fama. Marx selou tal má fama à medida que fez uma segunda revolução semântica ao introduzir a palavra exploração não mais em relação às coisas naturais, mas em relação ao trabalho humano. O século XIX terminou desfraldando a bandeira de Tolstoi: “Os ricos farão de tudo pelos pobres, menos descer de suas costas”.
Nos dias de hoje a palavra burguesia voltou naturalmente a se colocar apenas como termo sociológico. Aliás, nesse caso, com um adendo instrutivo: vale dizer “burguesia” quando nos referimos ao século XIX. Quando o escritor fala em burguesia e proletariado para o século XX, já é obrigado a aspar, caso contrário fica como sendo um escritor ainda marxista ou, se quiserem, marxista vulgar. Mas a conotação de rico como negativa perdura. E isso não só por conta da vitória semântica de Marx e dos socialistas em geral, mas agora sempre no contraste entre os ricos e os muito pobres.
Também nesse caso é a sociedade de mercado e democracia que devem ser responsabilizados por tal pensamento. Pois é com a sociedade de mercado que aparece a ideia, explicada pelos economistas de então, de fazer do trabalho abstrato, em termos de horas, o elemento de mensuração da mercadoria. Assim, a balança é o elemento que adentra o cérebro humano. Tudo é visto sob a regra do equivalente,ou seja, de algo que pode e deve se comportar como o mercado pede. Generaliza-se a ideia de que há de se pesar as coisas, criar equivalentes. A ideia de justiça como reposição é absorvida pela ideia de equivalência de tal forma que se alguma coisa é “muito” em relação a algo que é “pouco”, o sentimento de injustiça se acentua e se agrava.
É nesse mundo que os muito ricos, mesmo que estejam empregando seu dinheiro em favor de muitos outros e da sociedade como um todo, aparecem como vilões. Uns até dizem que não são os ricos os vilões, mas o tal “sistema”. Ora, mas dizer “a culpa é do capitalismo” é nada dizer, é apenas repetir jargões da Idade Média, como aqueles que diziam “o mal vem demônio”. Assim, sobra olhar os ricos. Mas, infelizmente, muitos observadores se perdem nisso, pois não analisam os detalhes do que se faz, e sim o simples fato dos ricos serem ricos, ou seja, o de estarem fazendo a balança do dinheiro pesar só para um lado. A falta de equivalência em peso, por si só, forma uma imagem que é associada à injustiça. É essa visão que faz as pessoas torcerem no nariz para a notícia “oito homens detêm a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo”. A semântica aí já aparece com a conotação não mais do Renascimento, mas dos tempos modernos, e o leitor não se pergunta sobre os projetos dos mais ricos para o mundo, ele já os toma como sendo pessoas que não possuem nenhum projeto a não ser o de ganância pessoal. Zuckerberg ou Bill Gates seriam meros sovinas. Desaparece o julgamento intelectual e aparece o puro preconceito.
Aliás, desaparece também a própria investigação da frase da notícia. Pois a frase sobre os “oito ricos” mostra que há muitas pessoas, não existentes no mundo pré-moderno, que não são “os mais pobres” – todos sabemos que criamos uma classe média enorme no Ocidente, que se desfez do trabalho de esforço físico, e que vive sob o conforto da eletricidade e outras forças motrizes que fazem a jornada de trabalho diminuir e a folga aparecer como uma constante. Aliás, todos sabemos que isso também é uma realidade senão dos mais pobres, ao menos dos chamados pobres.
É incrível que tenhamos caído nessa armadilha semântica criada por nós, e isso em tão pouco tempo. É incrível que, em nome de desfazer ideologia, tenhamos criado um ideário ainda mais ideológico. Acabamos colocando um Bill Gates no saco aberto por Trump. Assim, o mecenato é engolido pela farra da arrogância e incultura, um erro crasso. Esquecemos completamente do grande patrocinador Andrew Carnegie, que dizia “quem morre ricos envergonha a sua vida”, uma frase claramente observada por Zuckerberg e outros grandes milionários. Que se repare como que a atividade de George Soros é amaldiçoada pela direita política.
Paulo Ghiraldelli, 59, filósofo. São Paulo.
http://ghiraldelli.pro.br/

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Os cérebros estão ocos. A empatia foi pro saco. A tolerância virou algo descartável

No tutorial de hoje vamos ensinar a construir relações com baixo limiar de tolerância. Você vai precisar de cola, barbante, cartolina, caneta e tesoura sem ponta. Recorte a cartolina em formato retangular e cole o barbante formando um cordão. Escreva em letras garrafais “RESPEITO É BOM E EU GOSTO”. Coloque no pescoço e use na rua, em casa e no trabalho focando exclusivamente no que você acredita merecer e ignorando quem à sua volta anseia pelo mesmo. Simples e prático: está pronto o mecanismo que tem nos tornado cada vez mais alheios ao outro, submersos em egocentrismo mimado.
Escutamos desde cedo que o nosso direito termina quando começa o do outro. Sempre achei essa máxima um tanto furada. Criança, pensava como havia sido relapsa a pessoa que elaborou tal teoria, sem ao menos nos deixar mapeadas as delimitações dessa suposta fronteira. Eu, por exemplo, achava que ao xingar meu irmão ele tinha o direito de replicar a injúria na mesma moeda. Ele, por sua vez, sentia-se credenciado a reagir com pontapés aos meus desaforos. “É desproporcional” eu gritava, pedindo socorro à minha mãe, que punia ambos nos tirando a TV. Meu irmão acreditava ter sido injustiçado, afinal quem começou merecia o pior castigo. Eu não me conformava com a equidade de tratamento dispensada a xingamentos e chutes. Minha mãe não tinha dúvidas de que estava certa. Três cabeças, três sentenças, e eu ainda procurando a demarcação desse limite que estipula até onde cada um pode ir.
Em uma sala pequena, entre pessoas da mesma família, com criação e valores semelhantes, eu já percebia a complexidade inerente ao convívio. Acomodar de maneira minimamente respeitosa nossas crenças, comportamentos e ideologias em uma sociedade multifacetada, portanto, não é tarefa das mais fáceis. Nós caminhamos desejando ser bons, mas tropeçamos em nossos próprios preconceitos. Falhamos no propósito de ser mais complacentes com aquilo que é estranho ao nosso mundo, mergulhados em ideais rígidos do que é certo ou errado. De repente nos vemos no meio de um fogo cruzado, munidos do desejo incontrolável de provar que temos razão, feridos pela fúria dos que tentam o mesmo do lado oposto.
A falta de maleabilidade com causas que destoam das nossas tem edificado muros entre nós — simbolicamente tão perigosos quanto aquele que criticamos do alto de nossa poltrona enquanto assistimos ao jornal. Alimentamos um misto de má vontade com ego inflado, de prepotência com apreço pelo confronto, de indisposição em ouvir com necessidade de falar e chegamos ao inevitável desfecho: culturas, vontades e histórias atropeladas pelo trator da intransigência. Porque olhar os outros com olhos menos severos dá trabalho. E, tragicamente, tripudiar muitas vezes dá prazer.
Eu não sei mensurar se machuca mais não ter a quimioterapia tratada com dignidade por conta de um turbante ou ver um símbolo de luta contra a subjugação do seu povo ser banalizado. Não sei dimensionar dor, categorizar discussões como quem coloca etiqueta em potes de plástico. Não sei se grafite é arte, se comprar cachorro é monstruosidade, se fui mais lesada pela direita ou pela esquerda. Se não há consenso sequer sobre se o vestido é azul e preto ou branco e dourado, como esperar um olhar linear sobre todas as subjetividades que nos cercam? Mas é preciso um pouco de disponibilidade em compreender as pessoas e toda a carga de vida que as acompanha. Enquanto insistirmos em pisotear aqueles que fogem dos padrões que sacramentamos como corretos, perdemos humanidade. A empatia respira por aparelhos. Mas é possível que se recupere.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Faça a festa

Faça a festa
Faça a festa por você, reúna os amigos e saia pela rua tocando a bateria ou tocando uma guitarra
saia para as ruas e vai pulando
pule tanto até a perna doer e quando isso acontecer, se der vontade pule descalço com o pé na areia ou no passeio

faça a festa
faça a festa porque a vida é uma coisa pequena e sem volta
faça a festa pra viver o momento
pra sair com a cara pintada no meio da rua ou com a mascara do Batman
vai la e faça a vida

faça o momento,
faça a vida
faça a alegria do momento
faça a festa porque você merece, não faça pelos outros e sim por si mesmo
faça a festa
mas faça e faça agora

Faça sentimentos,
faça melancolia, esperança, fantasia, faça vida
faça diversão e alegria
faça festa
mas faça todos os dias 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A era do mau gosto: do palestrante midiático a Romero Brito



Não sei quando o adjetivo brega entrou em uso. Sei que entrou, saiu e até andou voltando. Talvez seja o adjetivo mais expressivo quanto ao mau-gosto, a caixa popular na qual se possa guardar o segundo tipo de filisteu da cultura, analisado por Hannah Arendt.
O primeiro filisteu é o mero comprador de livros e obras de arte. O segundo é o que tenta fazer o mesmo e, pior que o primeiro, realmente lê alguns livros e tenta admirar a arte, mas, uma vez sem formação, faz da leitura e do específico apreço à arte um trampolim profissional, uma tentativa de distinção social e, por fim, um uso errado do que pensa entender. Esse filisteu é o que mais se aproxima do brega. Ele compra a coleção inteira do Freud para ter no seu “escritório” ou “biblioteca”, mas não fica nisso, vai a um tipo dessas Casa do Saber espalhadas por aí para tentar entender o “Mal estar na civilização”. A desgraça é que lá pode encontrar um tipo de professor que fala de felicidade, inveja, Impeachment, ou seja, de tudo, e que ensina, também, a como gostar de arte! E eis que esse pretenso membro da elite compra Romero Brito. Afinal, é “bem alegre, colorido”. Gosto infantil e gosto brega se confundem. O filisteu da cultura se refestela na sua lama de ouro que, no fundo, é bijuteria. É bijuteria cara, que ele compra no Shopping do tipo Cidade Jardim ou JK, mas que existe na 25 de Março por qualquer cinco reais.
Todo país tem isso. Mas no Brasil, de uns tempos para cá, esse tipo de gente, inclusive que se acha politizada, proliferou de um modo tal que desfigurou o entendimento que a mídia pode ter do que é cultura popular, cultura erudita, cultura acadêmica e cultura de massas. Essa divisão utilizada pelo professor Alfredo Bosi, nos anos setenta, é hoje desconhecida dessa gente e, claro, dos professores – que inclusive agora já estão em universidades – que ensinam esse pessoal na arte do não saber, ou seja, o campo em que tudo que é cultura é só cultura de massas.
O palestrante fala a frase “Conhece-te a ti mesmo”, de Sócrates, e a lê erradamente como se tivesse a ver com uma investigação individual psicanalítica. Falta de formação. Seu diploma pode até mostrar isso, mas o local de trabalho, às vezes melhor, esconde isso. Mas continua falando. O cinema de arte cede a “O segredo” e aos “Cinquenta Tons de Cinza”. A medalha de ouro das Olimpíadas desgasta depois de um tempo. Bauman vira leitura válida! Gente que  só pode pegar um autor de uma frase só (mas, como ler alguém com mais de 140 caracteres, né?). A esquerda pseudo culta fala de Lacan, porque é alguém que nunca escreveu e, então, dele se pode dizer qualquer coisa. A pichação e o grafite já não se distinguem. Por fim, até o nazismo vira “ideologia de esquerda”. Professor começa a falar em um tom só, como aeromoça velha. Por fim, diante disso, aquele cara que diz que não vê o BBB e acrescenta no Facebook “prefiro um bom livro”, começa a ter o direito de se achar intelectual. A breguice do antes chamado novo rico adentra um mundo que tinha muros. Agora, muro é coisa para mexicano. Afinal, até a Bíblia, nos nossos tempos, anda por aí nas mãos de gente que pensa que Jesus tinha rifle, ou pior ainda, nas mãos de ateu-de-Internet.
No limite, estamos diante de uma sociedade que menosprezou a cultura escolar básica, vem pagando mal seus professores do ensino fundamental e médio, e que então não tem mais como apresentar elites que sejam elites. Quem observa o Brasil com visão histórica percebe que o ensino ruim na base está dando sim reflexo entre o que seria a classe média. Produz uma camada de gente que se vê como “formador de opinião”, mas que são um grupo de degradados. Os tais “cafés filosóficos” mostram bem isso. As pessoas são reunidas para ouvir alguém vomitar opiniões pessoais que, nos anos 60 e 70, podíamos dar aos borbotões antes de entrar na faculdade, porém bêbados em algum boteco que, naquela época, podia sim vender bebida para menor. Foi uma época em que não éramos sábios, mas sabíamos que sabíamos menos que nossos professores, porque de fato eles eram de um peso de um Alfredo Bosi.
Somos hoje um país no qual o Lula diz quem é e quem não é “das elite”. E então, combatemos elites para nos dizermos democráticos. Nenhum país do mundo democrático que não jogou fora a sua escola amaldiçoou elites. Diferentes de nós, fazem  elites a partir do saber que vem de uma formação, não a partir da capacidade de seguir o zum zum zum diário.
Paulo Ghiraldelli, 59, filósofo. São Paulo.
http://ghiraldelli.pro.br/

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O horror no futebol: dois pesos, duas desmedidas

No dia 23 de outubro, no Maracanã, depois de graves provocações policiais e hostilidades da torcida do Flamengo, houve tumulto e embate feroz entre parte da torcida do Corinthians e a PM carioca.
Na ocasião, ninguém morreu, tampouco houve ferido grave. A imprensa, capitaneada pela Rede Globo de Televisão, tingiu de vivas cores o episódio, editou desonestamente os fatos e criminalizou antecipadamente a massa alvinegra.
O horror no futebol: dois pesos, duas desmedidas
Confusão marcou o clássico carioca no último domingo
Centenas de corinthianos foram insultados, agredidos, obrigados a se despir de suas camisas e humilhados. 31 foram encarcerados.
Abriu-se célere processo, houve um simulacro de condenação sumária (inclusive de pessoas que não haviam participado do conflito) e o grupo foi enviado ao inferno de Bangu.
Neste domingo quente, 12 de fevereiro, nas proximidades do Engenhão, houve verdadeira guerra, com uso indiscriminado de armas de fogo. De um veículo não identificado, foram disparados vários tiros contra torcedores do Botafogo.
Em imagens divulgadas nas redes sociais, vê-se que parte dos agentes da lei simplesmente se retira de um dos locais da ação bélica, liberando o ataque de torcedores do Flamengo contra os rivais.
O saldo é aterrador. Antes da partida, pais e mães corriam desesperados pelas ruas, procurando proteger seus filhos da barbárie.
O botafoguense Diego Silva dos Santos, de 28 anos, foi morto com um tiro no peito. Outros torcedores foram baleados. Oito outras pessoas saíram feridas, uma delas ainda em estado grave.
No entanto, não há prisão em massa, tampouco "auê" indignado e condenatório da mídia. O portal UOL praticamente ignorou os fatos no decorrer do domingo. A Rede Globo tratou as ocorrências como corriqueiras, em nacos do "Fantástico".
Não há força-tarefa dos juristocratas do Rio de Janeiro. Não há ônibus para transportar em ruidoso cortejo os criminosos detidos. Nada há, exceto a platitude dos fariseus.
Cabe ao cidadão reto de caráter refletir sobre estes fatos. Compare-os, antes de acreditar na imprensa que faz a cabeça da sociedade, elegendo mocinhos e bandidos. Compare-os antes de fiar-se na justiça que condena no vapt-vupt, implacável com alguns, benevolente com outros.
WALTER FALCETA

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Sobre o carnaval e vocês

Carnaval chegando e nada melhor que fazer um post ja pensando nisso. Certo? 

Bom aqui vai uma dica para vocês que querem sempre estar com a energia em alta, não se arrepender do que deixa de fazer ou fez.  

Gente, sejam vocês mesmo.. 

Sejam vocês para sairem nas ruas saltitando, sejam vocês para sairem com fantasia que vierem a suas cabeças e foda-se se é o dia das bruxas ou carnaval, sejam vocês mesmo a ponto de dizer não quando tiverem vontade e principalmente sejam vocês mesmo fortes e loucos a ponto de seguir suas intuições e não ir pela onda dos amiguinhos e coleguinhas. 

Carnaval não é apenas uma festa que rola de tudo, carnaval é feriado também, pode ser o dia de vocês sairem pelas ruas maluquinhos, mas pode ser muito bem a semana para você relaxar, procurar uma paz em si mesmo e cuidar de si.

 Vão me achar louca por está dizendo isso em pleno carnaval?  

Poise, eu sou mesmo, 
mas de uma coisa eu tenho certeza, vocês podem fazer a semana ser boa ou pode fazer dela uma merda, no final depende é mesmo de vocês.  

Vocês só que tem o controle sobre o que fazem e sentem, então que a semana de carnaval seja a que vocês acharem melhor e que tragam muito juizo e paz interior (com diversão "saudável") que não pode faltar. 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Empatia: Sócrates e a ideia do “meu santo bate com o seu”

“Definitivamente: meu santo não bate com o seu”. Foi assim que uma colega encerrou seu trabalho conjunto com o seu chefe. Pediu demissão e foi embora. Contando isso na mesa de bar, ela ouviu de outro a objeção já esperada: “nossa, mas você é extremada, você podia encontrar alguns pontos comuns com o seu chefe e seguir em frente, precisava pedir demissão?”. Ela retorquiu: “meu amigo, quando o santo não bate, não bate e aí não há nem como imaginar um ponto em comum, pois não vai aparecer jamais”.
Conheço a expressão a respeito do “santo”. Todos nós conhecemos “o meu santo não bate”. Alguns procuram suas raízes nas práticas das religiões africanas. Sendo ou não de origem africana, não negamos que quer dizer algo como “o meu gênio é incompatível com”. Ora, entendemos bem isso, pois temos a velha expressão que selava divórcios juridicamente: “separação por incompatibilidade de gênios”. Dito isso, não era necessário explicar mais nada. Não há empatia e, com tal frase, nenhuma teoria justificatória seria cobrada.
Todavia, gênio e santo possuem diferenças. Santo sempre carrega uma faceta mais objetiva que subjetiva. Diferentemente, gênio comporta ambas as facetas igualmente. Gênio é alguma coisa do âmbito psicológico, subjetivo, algo como um tipo de humor característico de determinada pessoa, ou algo relativo a um dom pessoal. Sendo algo psicológico, pode ser visto sem qualquer apelo místico, e sua faceta objetiva nada seria senão aquilo que bem conhecemos a respeito de determinadas reações nossas, que surgem de uma maneira que nos parece incontrolável.  Por exemplo, quem tem um “bom gênio” tem um humor afável e quem tem um “mau gênio” está dominado pelo mau humor. Esses humores são de difícil controle por nós mesmos, eles agem como se não fossem subjetivos, mas como forças objetivas de tal ordem que poderíamos jurar que vieram do exterior, localizando-se em nós como um outro ego.
Há pessoas que não dão nenhum crédito ao que é místico e, no entanto, preferem usar a palavra gênio em um sentido em que a parte objetiva é deixada como sendo como tendo força a partir do exterior. Essas pessoas assim fazem de modo a poder enfatizar o lado rebelde do que qualificamos como nossa geniosidade, e bem menos quando falamos de genialidade. Mas no uso da expressão em suas raízes latinas, no passado, tanto o humor incontrolável quanto a alta capacidade para determinadas práticas, ou seja, geniosidade e genialidade, ambas podiam realmente ter suas fontes energéticas ou intencionais a partir do exterior. Humor e inteligência poderiam advir da inspiração provocada por entidades protetoras.
Assim, “Fulana é geniosa” e “Ele é um gênio” seriam expressões que, em graus diversos, sempre poderiam trazer a objetividade própria como que dependendo não de uma objetividade da vida psicológica, mas de algo que até poderíamos, mesmo não sendo místicos, deixar no campo linguístico como o que inspira o sujeito a partir do exterior.
O filósofo Giorgio Agamben lembra que “genius” é o nome do deus que os latinos tinham como um guardião de cada um, recebido no dia do nascimento, e de certo modo responsável pela energia sexual geradora daquele que veio à luz. Agamben insiste que “genius” tem a ver com gerar, e aponta para a cama denominada pelos romanos, em latim, como genialis lectus. Por ter a ver com a geração de cada indivíduo, seria também uma expressão de sua existência inteira, sua divinização como pessoa, algo a ser cultivado e de certo modo o que poderia ser tomado como impessoal em cada um. Cada homem é sua consciência e seu eu, mas é também seu gênio, sua espiritualidade enquanto algo superior e como o que lhe dá impulsos nefastos.[1]
Essa ideia de que cada um tem seu gênio guardião não é propriamente uma invenção dos latinos. Agamben não toca no assunto, mas sabemos que essa ideia está entre os gregos e Platão a menciona. Aliás, Platão conviveu com aquele que recebeu alguma coisa parecida: Sócrates. Nada há de mais famoso nesse sentido que o daimonion de Sócrates.
A peculiar tarefa do daimonion socrático, ou seja, a voz divina que lhe fala em alguns momentos, é a de agir negativamente. Quando se manifesta, é sempre para que o que está em curso seja estancado, paralisado, não realizado. Sócrates a leva a sério. No Teages, Sócrates confia ao daimonion a capacidade de ser negativo quanto a adotar ou não um discípulo, e nesse sentido manifestando clara capacidade premonitória. Nesse sentido, talvez este seja o texto do corpo platônico[2], referente a Sócrates, em que a atividade do daimonion pode ser vista como tendo também a característica de gênio, no sentido de geniosidade e, de certo modo, genialidade.
No Teages Sócrates[3] tem uma conversa com o jovem Teages e seu pai Demódoco. Esse pai procura Sócrates para que este aceite Teages como alguém que poderia ser a ele associado, como um discípulo. O garoto gostaria de seguir a carreira de estadista. Na época, era comum para os que tinham tal ambição, procurar educação ou pagando aos sofistas ou ingressando em uma confraria filosófica. Sócrates questiona o rapaz de todas as maneiras. Assim fazendo, leva o garoto para o trabalho conjunto nos termos mais ou menos característicos do elenkhós, o método da refutação, ou seja, o procedimento de diálogo investigativo próprio de Sócrates. Sócrates que saber se Teages ao menos tem noção de que tipo de estadista que ser, se um estadista valoroso ou se um simples tirano. A conversa evolui depois para as razões pelas quais alguns dos discípulos de Sócrates aprendem a mudam de comportamento, enquanto que outros mudam pouco, e só no tempo em que estão com Sócrates. Eis que Sócrates, então, como advertência a Teages, diz que no fundo quem decide pelo progresso de um discípulo é o daimonion.
É claro que se pode entender aí a função do daimonion como pontual, como que dizendo um “sim”, uma vez que acaba não se manifestando. Todavia, Teages é aceito, como ele próprio propõe, em caráter experimental. O daimonion poderia um dia se manifestar. Ou seja, o daimonion quase que atuaria aí como que um gênio que é necessário, com o tempo, se mostrar afinado ou não com o discípulo.
Caso fosse possível falar em gênios e não em apenas um gênio, o daimonion de Sócrates, então a resposta do filósofo poderia ser lida tranquilamente no sentido da ideia de “compatibilidade de gênios” ou “incompatibilidade de gênios”. Em outras palavras, Sócrates poderia estar dizendo: vou aceitá-lo como discípulo e veremos se nossos santos batem, ou ainda, se meu santo bater com o seu, sua educação terá êxito.
Em outros textos platônicos Sócrates depende claramente da força erótica dele próprio e, enfim, da filosofia, para que o discípulo venha a realizar o que é a principal tarefa da filosofia socrática, o “conhece-te a ti mesmo”. Neste livro, o Teages, no entanto, ainda que Sócrates lembre que o que ele conhece mesmo é a arte erótica (a arte do namoro que é também pedagógico-filosófico, a arte com o elenkhós), a questão do êxito na tarefa filosófica do discípulo é alguma coisa da ordem da empatia, tomada em um sentido muito específico. Seria Eros, ainda, quem deveria estar na base da empatia? Ou “meu santo bate com o teu” é alguma coisa da empatia em um sentido completamente deserotizado?
Talvez não devêssemos, a rigor, colocar essa questão. Afinal, Sócrates nunca reduz a atividade erótica à atividade sexual, mas ao contrário, Sócrates vive em uma cultura erotizada, distante da cultura exclusivamente sexualizada. “Meu santo não bate com o seu” ou “meu santo bate com o seu” não precisariam, em Sócrates, funcionar como algo despregado do campo erótico. A meu ver, isso seria latinizar demais Sócrates.
Paulo Ghiraldelli, 59, filósofo. São Paulo.
http://ghiraldelli.pro.br/

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Amor, o próprio por favor

Hoje vou falar aqui sobre um assunto que todo mundo deveria ter.
Isso mesmo, amor próprio. 

Tem gente que acha que amor próprio é egoismo, mas não é não galerinha.
 Amor próprio é você gostar de você mesma, ir em frente com as ideias, loucuras, alegrias sem ligar para as opiniões dos outros.
 Amor próprio é você chegar na frente do espelho e dizer "to linda" porque você esta mesmo, e se não tiver para o espelho ou para a dita comunidade, foda-se porque você sabe que é por dentro. 

Amor próprio é voce se colocar em primeiro lugar, porque acredite isso é importante sim, quando você coloca os outros e esquece do que se trata de você, isso é uma idiotice tão grande que da ate dó. 
Amor próprio é você buscar a sua felicidade, porque quando você estiver feliz, as pessoas que realmente estão com você também vão esta. 

Amor próprio é saber dizer não quando não quer e dizer sim quando quer, amor próprio é se respeitar, é saber seus limites porque ninguém é de ferro, e principalmente é se amar. 

Quando você tem amor por si mesmo você vê como tudo muda.


 Pare de ficar puxando papo com quem não vale a pena, pare de se força a algo que não quer só porque os outros pedem, parem de viver a vida dos outros, pare de se importar com quem não faz o mesmo. 

Importe com você 
Ame você 
Seja feliz sendo você


Amor próprio, esse sim deveria ser valorizado porque não são todos que tem e não são todos que um dia vão ter.

Viva o que você é 
Viva com o amor que você tem 
Mas que esse amor seja em primeiro lugar a você mesma.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Afaste de pessoas negativas



Quarta feira, meio da semana, inicio das aulas para quem estuda e claro, um texto aconselhando vocês a afastarem de pessoas negativas. 

Vocês devem estarem se perguntando o que eu quero dizer com isso, então vou explicar. 

Sabe quando você esta empolgado com algo, ou quando você quer algo e tem aquela pessoa que sempre vai te colocar pra baixo? Afasta-sem deles. 

Sabe aqueles amigos que só te convidam para beber e na hora de fazer algo útil eles somem? Afastem-se deles. 

Sabe aquelas pessoas que tem o poder de não te trazer uma plenitude e leveza do universo para você, que sempre está reclamando ou vivendo algo pesado? Afastem-se deles. 

Você não deve afastar porque simplesmente leu aqui, você deve se afastar por você mesmo. 
Perceba que quem vive pra baixo tem um poder de te levar pra baixo. 
Não adianta ser o mais feliz do mundo, as energias negativas podem te fazer mau que você percebe na hora... 

é a lei da gravidade, o pra baixo te leva mais facilmente pra baixo do que você consegue leva-lo pra cima. 

Isso não quer dizer que você deva deixar essas pessoas pra la, isso quer dizer que você deve tentar dar o seu bem para a pessoas mas se ela continuarem na negatividade, largue-a para la por mais difícil que seja. 

Lembre-se sempre que apenas você é responsável pelo que sente e pela energia que emana de você.

Boa sorte, vamos viver leves e longe de toda negatividade.